A Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, é considerada, por vários especialistas, a obra-prima da arte colonial brasileira. A concepção e a execução estão associadas ao nome de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, responsável pelo projeto arquitetônico e pela soberba fachada principal, além dos púlpitos, do lavabo da sacristia e das talhas dos altares da nave. Também grandiosa, a pintura do forro da nave coube a Manuel da Costa Athaíde.
Vista de frente, com seu desenho arredondado, a igreja apresenta duas torres igualmente arredondadas, uma novidade para a época. As torres abrigam os campanários e aparecem coroadas por grandes flechas que apontam para o céu. Um medalhão circular esculpido e o portal dominam o centro da fachada, que acolhe ainda duas grandes janelas. Vista de perfil, a igreja mostra a disposição distinta de cada corpo do edifício: as torres, as naves e a capela-mor.
Com mais de mil adeptos em meados do século 18, a Ordem Terceira da Penitência de São Francisco de Assis encomendou a obra para abrigar um templo próprio. Os trabalhos começaram em 1766, pela capela-mor, que levou cinco anos para conclusão. Em seguida, veio a cobertura (abóbada), entre 1772 e 1774, época em que também ocorreu sua ornamentação em talha e estuque, sob a direção de Aleijadinho. No mesmo período, o artista terminou os púlpitos em pedra-sabão. Em seguida, vieram a fachada principal (frontispício) e os telhados.
Em 1794, a Ordem Terceira recebeu a obra pronta, em alvenaria. Entre 1801 e 1812, Athaíde trabalhou na pintura e douramento da capela-mor, com exceção do teto, assim como a pintura do forro da nave e alguns painéis. Quanto aos altares da nave, também projetados por Aleijadinho, sua construção se arrastou por mais de 60 anos, entre 1829 e 1890.
O portal de entrada, com sua composição ornamental, revela a genialidade de Aleijadinho. A ornamentação consiste em dois anjos e dois brasões contendo as armas franciscanas e as do reino de Portugal. Localizado na parte superior, o medalhão traz a Virgem, de mãos postas. Entre os brasões e o medalhão, vê-se o braço estigmatizado de são Francisco e o braço do Cristo. O conjunto é encimado pela coroa de espinhos. Os brasões são arrematados por asas de anjos, flores de girassol e rosas, atributos de Maria. Em seu livro O Aleijadinho e a Escultura Barroca no Brasil, o historiador francês Germain Bazin comenta: "A plástica desse conjunto, onde tudo parece oriundo das mãos do artista, é amplamente tratada de maneira monumental".
A igreja possui as primeiras obras de Aleijadinho como escultor de baixos-relevos, cujas datas estão documentadas. São os púlpitos. Representam o tema da pregação de Cristo na barca e o do profeta Jonas sendo lançado ao mar. No primeiro, aparecem os evangelistas Mateus e Lucas, na lateral; no outro, João e Marcos.
Na pintura do forro da nave, Athaíde retratou o tema da Glorificação da Virgem no medalhão central, em óleo. Nos quatro cantos da abóbada, figuram em púlpitos os doutores da igreja (os santos Ambrósio, Jerônimo, Gregório e Agostinho), assistidos cada qual por um anjo que lhes oferece material de escrita. São também de sua autoria os painéis que decoram a nave e a capela-mor, com temas relativos à iconografia da Ordem Franciscana, assim como as barras de pintura imitando azulejos com episódios da vida de Abraão.
Endereço: Largo da Coimbra, s/n.
Dia/horário: 8h30 às 12h e de 13h30 às 17h.
Valor: R$10,00 (estudantes e idosos pagam meia)